Comunicado 28/Out/2024

Sobre a exclusão de colectivos da reunião promovida pelo Governo

O Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e Xenofobia expressa seu veemente repúdio pela exclusão do Coletivo Consciência Negra e  FAR – Frente Anti-Racista, da reunião agendada pelo Governo com associações representativas de comunidades da Área Metropolitana de Lisboa. Estes dois coletivos integram o Grupo de Ação conjunta, criado no início de 2024 e por essa razão, não podemos deixar de expressar a nossa posição.

A decisão, de não convidar organizações que atuam nos territórios onde as desigualdades imperam historicamente, suscita grande preocupação e revela falta de sensibilidade para com as vozes que realmente representam as comunidades silenciadas.


O Grupo de Ação Conjunta, considera que o Governo português, não pode desconhecer que as comunidades ciganas têm as suas estruturas próprias, organizações com muito trabalho desenvolvido nos territórios esquecidos pelo poder político. A exclusão de coletivos representativos das comunidades ciganas, para além da Pastoral, demonstra uma falta de visão, de um olhar abrangente sobre os problemas que levaram as pessoas a revoltarem-se e saírem à rua para pedir justiça. Salientamos, meramente a título de exemplo, que um terço das pessoas residentes no Bairro do Zambujal são de etnia cigana, pelo que, não compreendemos a falta de representatividade das pessoas ciganas.

Todas as estruturas que trabalham no terreno, são indispensáveis elos de ligação com capacidade para levar aos bairros, a confiança necessária para que se possam construir estratégias comuns de ação, que dê dignidade a todas as vidas humanas. Nomeamos apenas algumas organizações locais que podem contribuir para que exista um verdadeiro diálogo sobre os problemas que afetam as comunidades: Ass. Cavaleiros de S. Brás - Boba, Ass Passa Sabi - Rêgo, PER 11 - Alta, Paulo Seco - Qta do Loureiro, Jorge Pina - Chelas, Torre Laranja - Chelas

ADM - Campolide, Comissão de Moradores do Portugal Novo - Olaias, Amucip – Arrentela, Geração Com Futuro - Lavrado/Curraleira, Mira Ativa - Casal da Mira, entre muitas outras.

                               

O Grupo de Ação Conjunta, interpela o Governo português a rever esta decisão e a garantir que todas as vozes relevantes para contribuir para a resolução dos problemas que afetam as comunidades sejam ouvidas. A participação de todos os movimentos e organizações, é fundamental para construir políticas que reflitam as necessidades e realidades das comunidades que se esforçam para serem ouvidas.

É preciso ouvir as associações que estão diariamente nos territórios e valorizá-las.

A luta contra o racismo e a xenofobia deve ser coletiva e representativa, e não podemos permitir que práticas de exclusão perpetuem a injustiça.

Reiteramos nosso compromisso com a luta pela igualdade e justiça, e exigimos que o diálogo com todas as partes envolvidas seja uma prioridade no caminho para uma sociedade mais justa, inclusiva e sem racismo e xenofobia.